segunda-feira, 28 de maio de 2012

Filmes chegam em DVD cada vez mais rápido após serem lançados nos cinemas


Alguns dos filmes mais balados lançados este ano já estão ou vão estar até junho em DVD: Reis e ratos, de Mauro Lima; Heleno, de José Henrique Fonseca; Billi Pig, de José Belmonte; Dois coelhos, de Afonso Poyard. Pressionado pela pirataria, inclusive on-line, o intervalo entre as janelas cinema e DVD, que já foi de seis meses, hoje é de três ou quatro. Velocidade que, às vezes, procura aproveitar campanha feita por ocasião do lançamento no cinema, influenciada por bons ou maus resultados de bilheteria, e que já rendeu polêmica entre exibidores e distribuidores.
“Locadora tem papel fundamental na carreira de um filme. É a chance de ele ser visto por um maior número de pessoas, que não foram ao cinema e que com o DVD têm possibilidade de assistir aos filmes de acordo com a disponibilidade delas”, explica Rodrigo Fante, assessor da distribuidora Imagem Filmes. O mercado, nos últimos anos, “adaptou-se” a intervalo menor entre o lançamento no cinema e em DVD. “Três, quatro meses, é tempo suficiente para que a produção faça boa carreira no cinema e chegue às locadoras ainda quente", defende.
Também é comum (“mas não é uma regra”) acordo entre distribuidoras e locadoras, para que os filmes só cheguem ao varejo seis meses depois do lançamento. Antes disso, só nas locadoras. Além daquele que perdeu a exibição no cinema e procura lançamentos, há o consumidor de DVDs que “é colecionador de filmes, séries e shows”.
O DVD pode desaparecer devido à internet? “Não. Assim como o jornal não desapareceu com a chegada do rádio, que não desapareceu com a chegada da TV, que, por sua vez, não desapareceu por causa da internet. Todas as plataformas de divulgação têm seu espaço garantido e consumidores fiéis”, garante Rodrigo Fante.
A produtora Vânia Catani, da Bananeira Filmes, discorda. Ela tem ouvido queixas com relação ao mercado de DVDs, que estaria reduzido pela pirataria e locadoras virtuais. “Relevante, no futuro, será a internet”, aposta, considerando que o DVD vai desaparecer. “Mas ainda é uma janela importante, especialmente para filmes populares, blockbusters e colecionadores”, observa. Vânia conta que “a grande janela financeira” para um filme ainda é o cinema. Inclusive, o preço pago pela TV para exibir um filme é determinado pela carreira dele na grande tela. O filme O palhaço, de Selton Mello, da Bananeira, ganha DVD em junho, seis meses depois de ter chegado ao cinema (e uma “versão collection”, em setembro).

Diretores Reis e ratos, de Mauro Lima, o mais recente trabalho do diretor de Meu nome é Johnny e Tainá, até o fim de junho será lançado em DVD. “Acho ótimo. É a segunda chamada para quem prometeu ir ao cinema e não foi. E que, quando você encontra na rua, diz: vou ver seu filme em DVD”, brinca o diretor. A terceira chamada, que “apresenta o filme para muita gente”, é a exibição em TVs pagas. Rende comentários simpáticos como: “Vi ou revi seu filme ontem”, observa. “Quando um filme passa na TV aberta, até o porteiro do prédio em que você mora avisa que viu”, garante Mauro Lima. O diretor até andou comprando DVDs com raridades em viagem ao exterior, mas gosta de filmes dele no cinema. “Gosto de ver o público, de ir ao cinema”, observa. Nem a promessa de boas salas domésticas faz ele mudar de opinião.
“Aos poucos, vamos nos acostumando com várias telas de cinema”, observa, conformado, o diretor José Eduardo Belmonte. O mais recente filme dele, Billi Pig, até junho estará disponível em DVD. É o quarto trabalho no formato. Ele não morre de amores (mas tem em casa DVDs deCarmem, de Godard, e O decálogo, de Kies′lowski), já que, para ele, exibição doméstica leva a uma leitura excessivamente fragmentada. “DVD é ampliação da circulação do filme. O interessante é a mobilidade, chegar a vários municípios, maleabilidade. Você vê e revê o filme, pode observar detalhes, tem acesso a imagens extras”, observa. Tentação, para ele, é a TV aberta: “Ter um filme visto por 10 milhões de pessoas ao mesmo tempo é uma loucura”, afirma. “O problema é a distância da televisão com relação à produção independente”, explica.
Saiba mais

JANELASNABERTAS

As janelas de exibição de um filme são festivais, cinemas, locadoras, televisão paga e a TV aberta. Estratégia que busca, de forma crescente, prestígio e repercussão junto ao público. Os DVDs de um filme saem, em geral, três a quatro meses depois de ele ter sido lançado no cinema. Um grande sucesso pode ganhar entre 20 mil a 40 mil unidades. Filmes menores, entre 1 mil e 3 mil peças.

Palavra de especialista

Marco Antônio Junqueira colecionador e dono da locadora Cinecittá.

“O DVD deu uma popularizada e ficou mais fácil o acesso a filmes para pessoas como eu, que preferem vê-los em casa. Fico mais à vontade. Cuidei inclusive de ter uma tela grande. Ele foi e é meio importante de difusão. Atualmente, a internet pegou muitas dessas características, mas considero o DVD mais prático. É simples de lidar. Detesto ficar fazendo download, que acho ainda complicado, e nem sempre o resultado é satisfatório. DVD, quem compra, é a pessoa que gosta muito de cinema. O que vende mais é show e raridades cinematográficas, normalmente
para colecionadores”. 


NÚMEROS:
89 FILMES
Obras brasileiras lançadas em vídeo doméstico em 2010
41 FILMES
Obras brasileiras lançadas em salas de cinema em 2010

5 MESES E 21 DIAS, EM 2004

Intervalo médio entre lançamento no cinema e vídeo
4 MESES E 17 DIAS, EM 2010
Intervalo médio entre lançamento no cinema e vídeo

Fonte: Ancine
Por Walter Sebastião, do Estado de Minas

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