Agência Brasil (São Paulo) – O economista chefe da Federação
Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, disse hoje (2) que
vê a possibilidade de o Banco Central (BC) reduzir a taxa básica de
juros (Selic) para menos de 8,5% ao ano, desde que a economia apresente
ritmo de recuperação fraco e inflação baixa. “Se a economia segue, ou
mostra uma trajetória de recuperação mais lenta, e você tiver como
consequência, números de inflação mais favoráveis, acho que haveria
possibilidade de o Banco Central também fazer cortes adicionais em
relação a esses 8,5%”, disse Sardemberg, em entrevista coletiva.
O economista chefe da Febraban ressalvou, no entanto, que ainda é
cedo para se prever cortes mais profundos do BC na taxa Selic, já que o
desempenho da economia brasileira está atrelado ao cenário econômico
externo. “A resposta que a gente vai ter depende muito de como é que a
economia vai se comportar, e isso tem a ver, também, com o cenário
externo ou, traduzindo isso: cortes adicionais em relação a esse 8,5%
acho que [são possíveis] sim, desde que a economia mostre um ritmo de
recuperação fraco”.
No pronunciamento do Dia do Trabalho, a presidenta Dilma Rousseff
cobrou dos bancos privados mais esforços para reduzir as taxas de juros
cobradas em empréstimos, cartões de crédito e no cheque especial. Ela
aconselhou o brasileiro a procurar os bancos que ofereçam as taxas mais
baixas. De acordo com a presidenta, somente quando os juros nacionais
chegarem ao patamar das taxas internacionais, a economia brasileira
será plenamente competitiva, saudável e moderna. A Febraban não quis
comentar a cobrança da presidenta.
Sardemberg considerou, no entanto, bem-vinda a discussão sobre a
alteração das regras da caderneta de poupança. De acordo com ele, seria
“razoável” que com a diminuição dos juros, fossem removidas algumas
regras “que são antigas, de um período em que a gente tinha inflação
muito mais alta”.
“Acho que é bem-vindo [o movimento de alterar as regras da
poupança]. É uma questão eminentemente técnica e, nesse contexto, acho
que seria um bom movimento. E, pelo que a gente percebe no noticiário,
o governo está avaliando diversas possibilidades e a ideia de atrelar
[alterações na poupança] à taxa Selic pode ser uma boa alternativa”.
Segundo a pesquisa Projeções Macroeconômicas e Expectativas de
Mercado divulgada hoje pela Febraban, o crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) do país deverá ser 3,2% em 2012, a taxa Selic 8,5%, e a
taxa de câmbio com o dólar R$ 1,80. De acordo com o levantamento, os
bancos pretendem manter a expansão de suas carteiras de crédito a uma
taxa de 16%.
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