terça-feira, 3 de julho de 2012

PSB pode antecipar projeto de 2014

AE – O afastamento do PT nas disputas municipais pode antecipar para 2014 o projeto do PSB de lançar o presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, na corrida pela Presidência da República, inicialmente previsto para 2018. A tese da candidatura própria já ganhou novos adeptos no PSB, no embalo do fortalecimento da liderança nacional de Campos e do rompimento de parcerias estratégicas com o PT no Ceará, em Pernambuco e em Minas Gerais.
Dirigentes do PSB afirmam que já está em curso o processo de libertação do PT, que sempre pede apoio, mas resiste a apoiar aliados. “O resultado das eleições deste ano pode determinar que nossa alforria ocorra antes de 2018″, prevê otimista o deputado Júlio Delgado (MG), um dos poucos membros da cúpula socialista que assume de público a queixa generalizada por conta da resistência dos petistas em apoiar aliados.
Diante deste cenário, expoentes do PT temem os reflexos futuros do afastamento. O ex-ministro José Dirceu foi um dos que passou recibo da preocupação com o impacto da reviravolta na capital mineira, onde o PT saiu da chapa da reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB). “O fim da aliança em Belo Horizonte, depois de ter ocorrido o mesmo em Recife e Fortaleza, põe em risco o acordo nacional entre os dois partidos”, disse Dirceu em artigo postado em seu blog.

Nos bastidores do PSB, a avaliação geral é que o partido se transformou em alternativa de poder, “para o bem do Brasil”. No entender dos socialistas, é preciso romper com a polarização entre PT e PSDB, tratada por ambos os lados como a disputa entre o bem e o mal, o atrasado e o moderno. Um dos governadores do PSB destaca que o projeto de chegar ao Palácio do Planalto está em curso, seja para 2014 ou 2018, até porque o PT terá que “dar um tempo e sair da Presidência, para oxigenar o País com a alternância do poder”.
Num paralelo entre a “libertação” do PT e a abolição da escravatura, Júlio Delgado afirma que, para seu partido, a Lei do Ventre Livre já foi sacramentada nas eleições de 2010, quando seis governadores se elegeram pela sigla. “Nossa relação com a presidente Dilma (Rousseff) é excelente, mas se a nossa lei dos sexagenários for decretada agora, na disputa pelas prefeituras, e o Eduardo Campos estiver num bom momento em 2014, como está hoje, ele parte para o voo solo”, completa o deputado, referindo-se à lei que garantiu a liberdade de escravos com mais de 65 anos, quatro anos antes da abolição da escravatura no Brasil.
Inconformado com a situação, José Dirceu culpa o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo divórcio entre o PT e o PSB de Minas. “Há manobras e manobras nessa história e elas têm o dedo e a mão toda do senador Aécio, apesar de passarem para a imprensa que o PT é o responsável pelo rompimento”.
Embora o PT tenha tomado a decisão de sair da chapa de Lacerda para lançar candidato próprio na corrida pela prefeitura. Dirceu tem seus motivos para responsabilizar Aécio. Afinal, foi o senador quem promoveu uma reunião de Lacerda com Ciro Gomes na terça-feira passada, no apartamento do senador em Brasília.
Ciro entrou no circuito para neutralizar a influência do presidente do PSB mineiro, Walfrido Mares Guia, que é visto pelos próprios socialistas como uma espécie de agente infiltrado do ex-presidente Lula no partido. Enquanto Lula e Walfrido fazem a pregação da aliança em 2014, Ciro é um defensor intransigente da tese da independência do PSB em relação ao PT.

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