quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Espaço reservado aos leitores deste blog


O Monge e a Vaquinha
Um velho monge budista, conhecido pela sua sabedoria, costumava fazer longas caminhadas com seu aprendiz e discípulo, nas quais aproveitava para passar vários ensinamentos sobre a vida.
Em uma destas caminhadas, ambos avistaram uma fazenda extremamente humilde com um casebre caindo aos pedaços. O Monge acabou desviando o caminho e foi ao encontro da casa, acompanhado por seu discípulo.
Ao chegarem, afirmando que estavam com sede, puderam constatar que o local era quase inabitável. O estado de completa miséria era igualmente retratado pelas crianças que brincavam sujas e despidas no chão da pequena sala. A mulher que os atendeu também serviu como exemplo de pobreza. Com as roupas rasgadas e o rosto suado pelo calor da humilde residência, ela saciou a sede do monge e de seu aprendiz com um pouco de água barrenta.
O mestre agradeceu a água e perguntou:
- Aqui nas proximidades não há local para comércio. Como você consegue sobreviver com sua família aqui?
O homem da casa tomou à frente e respondeu:
- Do jeito que o senhor esta vendo, vivendo um dia após o outro da maneira que podemos. Planto uma pequena roça e, como não tenho dinheiro para comprar um arado e nem para sementes, ela produz apenas o necessário para nossa alimentação... Às vezes nem isto... Mas o principal é que temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite por dia. Uma pequena parte deste leite, nós usamos para nossa subsistência e do resto fazemos queijo que vendemos na cidade, e assim compramos, na medida do possível, tudo que a roça não nos proporciona.
O velho mestre agradece mais uma vez a água, a hospitalidade e as respostas, vislumbra mais uma vez o lugar, medita um pouco, se despede de todos, e, juntamente com o discípulo, retoma a caminhada.
Quando já estavam na metade do caminho, o mestre virou para o discípulo e disse:
- Você viu o barranco pelo qual acabamos de passar? Volte até a fazenda, pegue a vaquinha e empurre-a barranco abaixo.
O discípulo tentou argumentar que a vaquinha era o meio de sustento da família, mas diante do silencio do mestre, mesmo contrariado, obedeceu. Pegou a vaquinha, jogou no barranco e a viu morrer.
Passaram-se alguns anos e aquela cena da vaquinha morta no barranco continuava a atormentar o jovem discípulo. Um dia, quase louco pelo remorso, ele resolveu largar o templo, os ensinamentos e ir procurar a família para contar o que acontecera, desculpar-se e, de alguma forma, reparar seu erro.
Quando lá chegou, o casebre tinha se transformado em uma casa grande e bonita, com um grande estábulo, cavalos e com muitos empregados executando suas tarefas. Isto lhe deu um aperto maior ainda no coração. Será que a família foi obrigada a vender a fazenda?
Tratou de apertar o passo e, ao chegar próximo a casa, indagou a um empregado sobre a família que morara ali há uns anos atrás.
O empregado respondeu:
- Não sou a pessoa mais indicada para lhe responder, uma vez que sou novo aqui, mas, pelo que sei, esta fazenda é do meu patrão há muitos e muitos anos. Mas lá esta vindo minha patroa... Ela pode responder melhor suas perguntas... Agora me dê licença que tenho que terminar minhas tarefas.
O jovem olhou em direção da casa e viu uma linda mulher, trajada como uma princesa, que se aproximava dele. Ao fundo viu quatro crianças que brincavam sobre o olhar atento da Babá. Quando a mulher chegou perto, ele reconheceu que era a mesma mulher que ele havia visto há alguns anos atrás e disse:
- A senhora me permite fazer uma pergunta?
- Claro! - respondeu a mulher.
- Estive aqui alguns anos atrás com meu mestre, mas hoje esta tudo mudado! Por favor, me conte como conseguiram tanto sucesso?
A mulher sorriu e respondeu:
- Meu marido poderia lhe contar melhor esta história, mas ele está na cidade cuidando dos nossos negócios. Porém, eu posso resumir... Tínhamos uma vaquinha que, dentro do possível, nos proporcionava sustento. Contudo, um dia ela caiu no barranco e morreu! A princípio nos desesperamos, mas a necessidade nos fez desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos... Comecei a cozinhar para fora e a vender refeições, docinhos e salgados para festas. Meu marido começou a plantar e a vender flores na cidade. Juntamos dinheiro e montamos nosso próprio negócio. Hoje eu comando a fazenda e meu marido trabalha na cidade, em nosso empreendimento.

MORAL DA HISTÓRIANa maioria das vezes, nós não acreditamos em nossas capacidades. Nos acomodamos com a situação na qual nos encontramos. Esquecemos que as dificuldades estão ai para nós as enfrentarmos, superarmos, e colhermos um fortalecimento de espírito e de caráter. Porém, existem momentos que nós precisamos empurrar nossa vaquinha no barranco para podermos avançar. Quais são as nossas vaquinhas?
Será que elas nos estão impedindo de desenvolver novas competências?
De nos propor novos desafios?
Alguém disse que nós somos como a bolinha da caneta esferográfica de Deus e que a tinta fluindo através do nosso caminhar irá desenhar belas e maravilhosas mensagens.
Fábio Bezerra 







Pleito 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário