segunda-feira, 25 de junho de 2012

Como se deu a aliança do PMDB com o PSB



Como é de conhecimento de todos, neste momento se concretizou a aliança entre o PMDB e o PSB para as eleições deste ano, tendo Geraldo Júlio como candidato a Prefeito.
Nas últimas semanas estava evitando falar de qualquer fato relacionado à candidatura de Raul Henry, porque há dois meses fui convidado por ele para ser o Coordenador de seu Programa de Governo, e acertamos que iríamos publicizar isso apenas quando a candidatura estivesse confirmada. Muita gente já sabia por que estávamos reunindo pessoas com muita frequência, avançando bastante na formação de propostas e de um documento.
Na verdade minha amizade pessoal com Raul é de conhecimento das pessoas que frequentam o Acerto de Contas. E, além disso, é algo que me honra bastante, pois além de tudo, é uma pessoa decente.
A candidatura de Henry caminhava tranquila, dentro de uma estratégia onde a oposição possuía algumas candidaturas, tendo Mendonça Filho como um dos principais candidatos (além de Raul), e a situação caminhava junto ao PT, tendo Eduardo como aliado.
Politicamente o que esperávamos era uma via política entre o petismo e o antipetismo, representado pelo DEM.
Esse caminho foi atropelado pelos fatos, já que Eduardo Campos acabou rompendo com o PT, reorganizando a Frente Popular em torno de um nome novo (Geraldo Júlio), e a candidatura de Raul Henry foi fragilizada no principal patrimônio de uma campanha: o discurso.
De uma só vez, Eduardo conseguiu arrumar um discurso e a condição política para exercê-lo. Além disso, ainda rompeu a principal barreira de entendimento com o PMDB local: o acordo político com o PT.
Estive nestes últimos dias envolvido em uma intensa negociação com Raul, para tentar agregar a oposição em torno de um projeto que fosse viável. Infelizmente nenhum dos candidatos, à exceção de Raul Jungmann, estava disposto a retirar sua candidatura, o que tornava qualquer postulação impossível do ponto de vista eleitoral e político.
Conversei com Augusto Coutinho, com Jungmann, com Daniel Coelho e outras pessoas do PPS e do PSDB, para saber da possibilidade de algumas uniões que tornasse viável o projeto da oposição.

Na sexta-feira foi feita uma tentativa de unificação da oposição, sem sucesso. Ficou acertado que no sábado cada candidato enviaria um representante, que no nosso caso foi Roberto Pandolfi. Mais uma vez não tivemos sucesso.
E digo mais, nossa decisão era de que Raul sairia candidato se tivesse o apoio do PSDB e PPS, mesmo Mendonça saindo pelo DEM. Nossa ideia era uma chapa tendo Raul como candidato e Daniel Coelho como vice. Mas as sinalizações neste sentido não existiram.
No sábado à tarde ainda liguei para Daniel Coelho (Raul também falou com ele) que disse que não havia condições de caminhar neste sentido, porque era importante para o PSDB a sua candidatura.
 







Raul decidiu reunir ontem um grupo de 20 pessoas, entre membros do PMDB e colaboradores próximos da campanha, para decidir o que fazer diante do esfacelamento de projetos da oposição, e da nova situação, onde o candidato de Eduardo passaria a representar o discurso da mudança, levando em consideração a péssima gestão de João da Costa.
Sou testemunha, porque estava na reunião de ontem à noite, que Raul tentou encontrar uma solução possível dentro da oposição.
Depois de um entendimento amplo de todos os presentes, ficou acertado que o grupo não iria seguir o caminho das candidaturas que estava na oposição, e nem lançar Raul em uma aventura eleitoral, diante da falta de discurso.
E repito aqui o que disse para Raul e todos os presentes na reunião: uma pessoa pode ser candidata sem dinheiro e sem apoio, mas nunca sem discurso.
Optou-se por agregar o PMDB a esta candidatura de Geraldo Julio por entender que é o caminho a seguir a partir de agora. Não é segredo para ninguém que Eduardo e Raul são amigos de universidade e de movimento estudantil, e que Eduardo buscou uma aproximação com Jarbas há poucos meses. A decisão foi de se juntar a este projeto sem pedir nada em troca.
O momento é muito mais de acreditar do que de cobrar.
Muita gente deve se perguntar por que não apoiar Mendonça.
Sou muito sincero, quando falo que ninguém no grupo, absolutamente ninguém, tem qualquer problemas com Mendonça. Muito pelo contrário. É uma pessoa afável, correta, e que já esteve junto ao PMDB durante anos. Eu mesmo trabalhei com ele no Governo Jarbas e sei que todos têm por ele grande consideração.
Mas mesmo muitos gostando de Mendonça, a questão era muito mais ideológica, onde se entendeu que não deveria voltar a uma situação de agrupamento político com o Democratas, apesar de reconhecer o excelente relacionamento com os seus correligionários.
Só tenho a agradecer a Raul a confiança depositada em mim nestes dois meses, onde aprendi bastante sobre a cidade com muitos formadores de opinião.
Foi a primeira vez que vi a cidade ser debatida, e acredito que Geraldo Júlio poderá aproveitar este momento de discussão e iniciar um processo de modificação da tragédia urbana que vivemos. Condições políticas e técnicas ele tem de sobra neste momento.

Lamento apenas porque sou testemunha de que Raul estava se preparando muito para debater a cidade, e porque sei da decência com que conduz as coisas.
No fundo o que está acontecendo é uma profunda rearrumação de forças, onde o PT ficará de um lado, o DEM do outro, e uma nova Frente Popular no meio.
E essa Nova Frente vai durar muito tempo. 

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