sábado, 23 de junho de 2012

Desafio é preservar a relação com Lula


Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 23 de junho
Diferentemente do que se imaginava, o governador Eduardo Campos não teve com Lula a “conversa definitiva” sobre o lançamento da candidatura de Geraldo Júlio (PSB) à prefeitura do Recife. Ele já tinha dado ciência ao ex-presidente da divisão interna do PT e das cobranças que estava recebendo para lançar um candidato alternativo e Lula entendeu a sua posição. Será a reprise da campanha de 2006, quando Humberto Costa e o próprio Eduardo disputaram o governo estadual.
Naquele ano, o candidato do PSB foi ao 2º turno e no dia seguinte recebeu o apoio do candidato do PT. A diferença é que nesta eleição o PT poderá caminhar literalmente sozinho, pois, dos 18 partidos da base de apoio ao governo estadual, apenas o PP admite apoiar Humberto Costa. E, mesmo assim, por causa dos seus candidatos a vereador, que preferem uma aliança com os petistas ao “chapão” da Frente Popular. Além do mais, o adversário real do PSB será o PT, e não as oposições.
Deve-se reconhecer por respeito aos fatos que o governador e os partidos aliados não criaram essa situação. Ela foi gerada pelo próprio PT devido às divergências entre o prefeito João da Costa e o seu antecessor, João Paulo. O PSB aguardou até a última hora que os petistas se unissem, como essa unidade não foi possível cada qual irá para a luta com as suas próprias armas. Se o governador preservar, incólume, a sua relação com Lula, pode sair duplamente vitorioso desse processo.
Ao partido – Bem ao estilo do avô, Miguel Arraes, Eduardo Campos não avocou para si a responsabilidade de indicar Geraldo Júlio como candidato do PSB à prefeitura do Recife. Delegou ao partido a responsabilidade de fazê-lo para não aparecer como “o pai da criança”.
A costura – O PSB só decidiu lançar Geraldo Júlio depois que obteve o compromisso de apoio de 17 dos 18 partidos da Frente Popular. O PT agiu de modo diferente: primeiro lançou o senador Humberto Costa e depois foi atrás do apoio do governador e dos partidos aliados.
O vice – O vice de Geraldo Júlio (PSB) será do PCdoB (1ª opção) ou do PTB (2ª opção). O PCdoB tem interesse na vaga mas seu pleito será submetido ao conjunto da Frente Popular. O PSB tem ligeira inclinação por um candidato do PTB para selar a reaproximação de Eduardo Campos com o senador Armando Monteiro, que esfriou bastante depois da eleição de 2010.
Na tela – Lula vai aparecer nos programas de TV de Humberto Costa e, se a saúde permitir, virá pelo menos uma vez ao Recife para participar de um comício em Brasília Teimosa. Quanto ao prefeito João da Costa, que ainda não engoliu a rasteira que levou da executiva nacional do partido, deverá manter-se à margem da campanha e torcendo pela vitória de Geraldo Júlio.
Os acordos – Pela contabilidade do PSB, há mais de 50 municípios no interior cujas chapas de prefeito não foram fechadas à espera do “okey” do governador, que viajará amanhã para os EUA e só voltará na próxima 4ª feira. Até lá, a venda de Lexotan nas farmácias vai crescer.
À margem – Sem diálogo com o Palácio desde que saiu do PSB, o presidente do PT, deputado Pedro Eugênio, teve um papel muito discreto no processo de costura interna do seu partido. Não teve força política para unificá-lo nem para abortar a candidatura de Geraldo Júlio (PSB).
A decisão – Até 4ª feira o Democratas decidirá quem será o seu candidato à prefeitura de Belo Jardim. O partido está indeciso entre o prefeito Marcos Coca Coca e a ex-secretária de cultura Andrea Mendonça. O ex-deputado Cintra Galvão também decidirá neste final de semana quem será o candidato do PTB. E o PSD já pôs nas ruas a candidatura do ex-prefeito João Mendonça.
A unidade – Raul Jungmann (PPS) já admite abdicar de sua candidatura a prefeito do Recife em favor de Mendonça Filho (DEM) se Daniel Coelho (PSDB) e Raul Henry (PMDB) também fizerem o mesmo. Mendonça será o candidato único por ser o 1º colocado da oposição em todas as pesquisas.
De casa – Mesmo que deixem os seus cargos no governo em solidariedade a Humberto Costa (PT), os secretários Isaltino Nascimento (transportes) e Maurício Rands (governo) permanecem sendo “eduardistas”. Isaltino é amigo do governador desde os bancos escolares e Rands é primo da 1ª dama (Renata).

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