segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lula em São Paulo pode ser golpe fatal no PSDB



João Santana, que, além de marqueteiro, é também um experiente jornalista, não diria o que disse à Folha se não tivesse a certeza de que seria publicado. Mais: provavelmente o fez, com o conhecimento do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Com a entrevista, o PT praticamente colocou todas as suas cartas na mesa. Dilma é candidata à reeleição, encerrando as especulações sobre uma eventual volta de Lula em 2014, o ex-presidente é a carta na manga para a conquista do Palácio dos Bandeirantes e Fernando Haddad será preparado para futuras disputas presidenciais.
Diante desse exército, o PSDB corre o risco de sofrer um golpe fatal em 2014. Nas últimas eleições municipais, o PT venceu nas cidades mais ricas do estado, como a própria capital, além de São Bernardo do Campo, Guarulhos, Osasco e São José dos Campos. Irá administrar a maior parte dos orçamentos municipais paulistas e terá plenas condições de organizar uma campanha poderosa rumo ao Palácio dos Bandeirantes.
Do lado tucano, José Serra está desgastado pelas derrotas que sofreu nas últimas eleições, Fernando Henrique Cardoso prega renovação sem apontar novos quadros e Geraldo Alckmin irá desgastado para a tentativa de reeleição. Pesquisa Datafolha publicada neste domingo aponta queda acentuada de sua popularidade, em função da escalada da violência em São Paulo.
Mais do que um simples capricho de Lula, a conquista da maior fortaleza tucana em 2014 desmontaria a única máquina política que hoje é capaz de rivalizar com o PT e tem grande influência sobre os meios de comunicação. "Lula não tem um projeto pessoal de poder", disse Paulo Okamotto, seu braço direito, no dia da comemoração da vitória de Fernando Haddad. "Seu projeto é o PT".
Nos próximos meses, a guerra política tende a se acentuar, com a intensificação dos ataques a Lula. Em 1946, Getúlio Vargas, que era odiado pela elite de São Paulo, em razão das feridas de 1932, concorreu pelo estado e foi o senador mais votado do País. Lula, inspirado em Getúlio, pode estar tentando uma manobra ainda mais ousada conta o partido do ex-presidente FHC, que falava em "enterrar a era Vargas"

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