domingo, 6 de novembro de 2011

Farc declaram que morte de líder não encerra a luta armada na Colômbia

Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia divulgam comunicado na internet reafirmando a "convicção absoluta na vitória". Grupos humanitários temem pela vida dos reféns ainda em poder da guerrilha

REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
"Alfonso Cano", líder das Farc (Foto: EFE)
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) declararam neste sábado que a morte de "Alfonso Cano", apelido de seu principal líder, leve à paz pela via da desmobilização dos guerrilheiros. "A paz na Colômbia não nascerá de nenhuma desmobilização guerrilheira, mas da abolição definitiva das causas que dão nascimento à revolta", afirmou o comando central das Farc em comunicado divulgado no site da organização. "Há uma política traçada e essa é a que se continuará".
"Alfonso Cano" morreu na sexta-feira à noite em uma área montanhosa do departamento sudoeste de Cauca, encurralado pelas forças de segurança em uma gigantesca operação por terra e ar.
"Cano", antropólogo de 60 anos e com quase quatro décadas de trajetória rebelde, sucedeu o fundador e até então único comando máximo das Farc, "Manuel Marulanda Vélez" ou "Tirofijo", apelido de Pedro Antonio Marín. "Marulanda" morreu com quase 80 anos de uma doença cardíaca não definida.
Segundo o comando rebelde, "não será esta a primeira vez que os oprimidos e explorados da Colômbia choram a um de seus grandes dirigentes. Nem a primeira em que o substituirão com a coragem e a convicção absoluta na vitória". "A única realidade que simboliza a queda em combate do camarada Alfonso Cano é a imortal resistência do povo colombiano, que prefere morrer antes que viver de joelhos mendigando", afirma a liderança no comunicado.
"Com o líder rebelde caiu o mais fervente convencido da necessidade da solução política e da paz na Colômbia", afirmou o comando das Farc, organização em armas desde 1964.
Família de guerrilheiro pede corpo ao governo
                              Alfonso Cano, principal chefe das FARC, morto na Colômbia (Foto: EFE)

A família de "Alfonso Cano" pediu neste sábado à Procuradoria Geral do país que lhe entregue o corpo do líder guerrilheiro. O corpo de "Cano" foi levado à noite para a sede central do Instituto de Medicina Legal e Ciências Legista em Bogotá, em um avião militar. O IML será a encarregado de entregar o corpo à família, após a autorização da Promotoria.
O vereador de Bogotá Roberto Sáenz, irmão de Guillermo León Sáenz, nome de batismo de "Cano", disse ao site do jornal El Espectador que formalizou a solicitação em nome de sua família, mediante uma mensagem à entidade judicial.
O político informou do pedido horas antes de divulgar um comunicado para anunciar uma declaração sobre o destino de seu irmão e demandar às autoridades que permitam uma sepultura digna para ele, e à imprensa que respeite o luto da família.
Parlamentar teme pela vida dos reféns

Um grupo de intelectuais liderado pela congressista Piedad Córdoba afirmou em comunicado que a vida das pessoas que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) mantêm como reféns está em perigo por causa de operações militares como a que levou à morte em combate "Alfonso Cano", chefe máximo da guerrilha.
O grupo Colombianas e Colombianos pela Paz (CCP) afirmou que a intensidade dos bombardeios e operações militares pôs em risco iminente os 21 soldados sequestrados pelos rebeldes e camponeses e indígenas locais. "São ações que sem nenhum caráter humanitário descarregam seu chumbo e suas bombas no afã de obter vitórias militares a qualquer preço", afirma.
A organização CCP se diz preocupada com a postura do Governo do presidente Juan Manuel Santos propício ao "confronto armado" acima da "saída política mediante o diálogo e a negociação". "O Governo de Santos carece de uma política verdadeira de paz e a única que busca é manter os privilégios e o lucro que obtém mediante a guerra". O grupo se reuniu em Bogotá para analisar a morte do líder rebelde.
O fato é um "duro golpe para a paz", afirmou o CCP, criado para manter uma "troca de correspondências" com as Farc e com o outro grupo guerrilheiro de esquerda, o Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN). Apesar da morte de "Alfonso Cano", apelido do antropólogo Guillermo León Sáenz, o CCP pediu aos dois grupos rebeldes para que mantenham as propostas de diálogo que promovem desde antes de Santos ter chegado ao poder, em agosto de 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário