segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As ruínas do Rei Juju

Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
O São Paulo sempre foi exemplo de grandes dirigentes. Mesmo nos tempos das vacas magras, não há como deixar de lado o que fizeram Porfírio da Paz, Paulo Machado de Carvalho,Manuel Raimundo Paes da Almeida, Roberto Gomes Pedrosa e tantos outros. Depois vieram Laudo Natel, Henry Aidar, Antonio Leme Nunes Galvão, José Douglas Dallora, enfim gente de qualidade indiscutível. O São Paulo tinha um corpo de cardeais, que blindava os problemas e oferecia as soluções. Mas, hoje as coisas mudaram muito. Primeiro veio a saudável alternância no poder entre situação  e oposição. Depois duplo comando na situação, com o ótimo Marcelo Portugal Gouveia e Juvenal Juvencio. Juvencio tivera um discutido primeiro mandato, mas voltou a ser forte no clube e com a serenidade de Portugal Gouveia, funcionava. Com a morte desse último, as coisas desandaram. O São Paulo passou a ter um todo poderoso, um rei. O Rei Juju, Juvenal Juvencio, faz o que quer por lá. Aquilo que o São Paulo condenava nos rivais, passou a ser rotina internamente. Violentaram os estatutos, vergonha imperdoável, a roupa suja passou a ser lavada fora e não há qualquer planejamento para o futebol. A decantada Cotia, não revela ninguém. O melhor jogador de lá, o Lucas, veio na verdade do Corinthians. Empresários entram e saem com facilidade para negócios, muitas vezes estranhos, e aí a agremiação tem que bancar os Saavedras e Adrians Gonzalez da vida, sem qualquer explicação. Homens competentes foram dispensandos, vide Dr.Turíbio e Carlinhos Neves, sem qualquer lógica, e a mudança de treinadores  ficou mais normal do que se trocarem meias e cuecas. Foram quatro em catorze meses, lembrando que o anterior ficou três anos e meio, mas ganhando três títulos nacionais e foi dispensado depois de seis meses do grande feito. Nas brigas com o rival Corinthians, as derrotas são fragorosas. Perdeu o estádio da Copa, a briga na venda dos direitos de televisão, as rendas no Morumbi e por pouco os shows, que tem sustentado a estrutura, não foram também bloqueados. Quem conseguiu os alvarás para os tais shows, e ainda assim com muito sacrifício,  foi o vereador Marco Aurélio Cunha, outro deixando para trás pelo “dono” da agremiação. O clube referência vai perdendo espaço e glamour a cada dia. Vez por outra aparece o “rei” para um ou outro ataque chulo contra um adversário e depois recolhe-se no seu palácio real. Conheço o São Paulo faz tempo e tive a felicidade de conviver com praticamente todos os competentes dirigentes que citei acima. Não sei o que houve, mas por certo não foi para isso, que esses grandes sãopaulinos lutaram tanto, alguns colocando dinheiro do próprio bolso, como o autor do hino do clube, Porfírio da Paz, que vendeu a casa para doar dinheiro ao São Paulo. Aqueles grandes sonhos estão virando ruínas. As ruínas do Rei Juju.

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