segunda-feira, 17 de outubro de 2011

'Modelo de administração', São Paulo perde rumo e demite o quarto técnico

Desde a saída de Muricy, Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Carpegiani e Adilson passaram sem sucesso pelo clube. Diretoria sonha com Felipão

Por Marcelo Prado Direto de Goiânia, GO
Presidente Juvenal Juvêncio esteve no CT da Barra Funda (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)Juvenal Juvêncio não consegue achar um
técnico que dê certo no São Paulo (Foto: VIPCOMM)
Desde que assumiu o poder do São Paulo em 2006 em substituição a Marcelo Portugal Gouvêa, o presidente Juvenal Juvêncio e seus homens de confiança sempre pregaram que o Tricolor era o modelo de administração a ser seguido. Que fugia da mesmice, não se sujeitava às pressões e procurava sempre se antecipar aos rivais. Porém, desde a saída de Muricy Ramalho, os fatos têm mostrado que a história é um pouco diferente.
Tricampeão brasileiro (2006, 2007 e 2008), Muricy foi demitido no dia 19 de junho de 2009, logo após o São Paulo ser eliminado da Taça Libertadores da América pelo Cruzeiro que, curiosamente, era comandado por Adilson Batista, dispensado no último domingo após a derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO.
Desde então, quatro treinadores passaram pelo clube nestes 27 meses: Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo César Carpegiani e Adilson Batista. Nenhum deles foi capaz de colocar o time na rota do sucesso novamente. E, de um ano onde sonhou brigar pelo título de campeão brasileiro ou com uma vaga na Taça Libertadores da América de 2012, o Tricolor pode terminar 2011 como figurante. O grande sonho da diretoria, agora, é trazer Luiz Felipe Scolari para a próxima temporada. O treinador está empregado no Palmeiras, mas vive um momento de crise interna no clube.
Veja abaixo o desempenho dos últimos técnicos do São Paulo
TREINADOR TEMPO DE TRABALHO DESEMPENHO
Muricy Ramalho Começo de 2006 a 19/06/2009 360 jogos, 194 vitórias, 100 empates e 66 derrotas, aproveitamento de 63%
Ricardo Gomes 20/06/2009 a 06/08/2010 73 jogos, 38 vitórias, 15 empates e 20 derrotas, aproveitamento de 60%
Sérgio Baresi 08/08/2010 a 02/10/2010 14 jogos, cinco vitórias, quatro empates e cinco derrotas, aproveitamento de 45,2%
Paulo César Carpegiani 03/10/2010 a 07/07/2011 46 jogos, 29 vitórias, quatro empates e 13 derrotas, aproveitamento de 66%
Adilson Batista 18/07/2011 a 16/10/2011 22 jogos, sete vitórias, nove empates e seis derrotas, aproveitamento de 45,4%
O que mais chama a atenção nestes treinadores que passaram pelo clube foi a alternância de perfil em cada profissional escolhido. Muricy, explosivo e passional, deu lugar ao ponderado e equilibrado Ricardo Gomes, que levou o time até a semifinal da Taça Libertadores da América. A derrota para o Inter e as críticas da torcida fizeram a diretoria não renovar o contrato do treinador que, após ficar um tempo parado, assumiu o Vasco, foi campeão da Copa do Brasil e hoje se recupera de um AVC. Porém, a equipe da Colina segue firme na briga pelo título do Brasileirão.
Sem Ricardo Gomes e com dificuldade para achar um nome de consenso, a estratégia decidida por Juvenal Juvêncio foi promover o treinador da base, Sérgio Baresi. Garotos das categorias inferiores subiram mas, dentro de campo, o resultado não foi o esperado. Resultado: após 14 partidas, nova troca no comando. E Paulo César Carepgiani, que já havia tido uma fraca passagem em 1999, foi novamente contratado. Ele não conseguiu fazer o time reagir e, após sete temporadas seguidas, o São Paulo terminou o ano fora da zona da Taça Libertadores da América.
Sergio Baresi conversando com Carpegiani (Foto: Rubens Chiri / Site oficial do São Paulo FC)Sérgio Baresi e Paulo César Carpegiani não renderam o esperado (Foto: Rubens Chiri / Site oficial do SPFC)
Veio 2011 e o principal projeto da equipe, a Copa do Brasil, naufragou nas mãos do gaúcho que, após a eliminação para o Avaí, entrou em rota de colisão com Rivaldo, um dos reforços contratados para a temporada. Sua demissão chegou a ser anunciada pelo então vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, mas o presidente Juvenal Juvêncio, sem opções no mercado, voltou atrás e segurou o comandante, que seria dispensado após uma derrota para o Flamengo por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro.
Adilson Batista (Foto: Marcelo Prado/GLOBOESPORTE.COM)Em Goiânia, Adilson se despediu do São Paulo
(Foto: Marcelo Prado/GLOBOESPORTE.COM)
Para colocar a casa em ordem, nova aposta: Adilson Batista, que chegou na alça de mira da torcida. Com três trabalhos em menos de um ano em Corinthians, Santos e Atlético-PR, o treinador jamais conseguiu dar padrão de jogo ao time e foi demitido após a derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO.
Questionado sobre a razão de tantos técnicos em pouco tempo, o diretor de futebol, Adalberto Baptista, disse que no futebol somente os resultados são capazes de garantir a continuidade de um trabalho.
- O Adilson é um cara honesto, sério e trabalhador. Mas os resultados não vieram como esperávamos. O futebol é diferente de uma empresa. Numa empresa, você investe em uma máquina e sabe que ela vai te dar o retorno esperado. No futebol, nem sempre isso acontece. Quando você conquista quatro pontos em seis partidas, é sinal de que as coisas não estão funcionando – ressaltou o dirigente.
A verdade é que, a oito rodadas do fim do Campeonato Brasileiro, o São Paulo está perdido, sem saber para que lado correr. Nenhum treinador de nome está desempregado. Apesar de o grande sonho para 2012 ser Luiz Felipe Scolari, por enquanto, o auxiliar técnico Milton Cruz vai quebrar o galho. Ninguém é capaz, porém, de garantir o que vai acontecer em caso de novo tropeço.

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